Teu amor é como a chuva,
Inunda toda a minha casa
Ao adentrar pela goteira.

Ode a abstinência

Dei-lhe o que acho ser o último adeus
De bom grado, sem rodeios ou recados
Pois quando não se quer machucar alguém
Temos que fazer uso de todas as cartas do baralho

Sou poeta falido, pirata, desvairado
Tu és o que não mereço o que me é pecado
Abster-se de ti é duro, rigoroso, castigo para pobre-diabo
Mas sofrerei tudo isso só para te ver com um riso estampado

Privo-me do teu beijo doce, dos teus olhos amendoados
Eles já não me fazem bem, morena. Só me deixam mais culpado
Tu mereces alguém melhor, um engenheiro ou um empresário
E eu sou só um visionário visando o teu amparo

Eu vou ficar bem, mesmo que seja mascarado
Com um sorriso estampado
Um coração arrombado
E um pensamento obnubilado.


A poesia muitas vezes não nos permite que a coloquemos no papel, permite apenas senti-la na alma.

Amo a natureza. A chuva chora comigo; o vento também é revoltado, a lua olha para mim todas as noites e o sol ensina-me que o amanhã é sempre um novo dia para “nascer” de novo.
Chega um tempo em que você se fecha, se fecha para o mundo, para as pessoas, para os sentimentos… É nesse momento em que você se abre para si mesmo. Começa a enxergar coisas em você que jamais imaginaria que aquilo estivesse ali, suas qualidades que há pouco tempo passavam despercebidas começam a passar diante dos seus olhos. Você passa a ver tudo a sua volta com uma perspectiva diferente, embora não seja. Mas pra você é, e você gostaria que fosse para todos. Pois viver em um mundo o qual todos pensam igual, todos têm os mesmos ideais, todos querem ser diferentes e passam a ser mais iguais a cada dia não é bom, isso afeta a minoria privilegiada com o dom do raciocínio. Tudo passa a ser questão de sobrevivência, sobreviver ao café da manhã, a ida ao trabalho ou ao colégio, as pessoas, ao seu chefe, a monotonia, ao caos… A tudo e todos. Você encarna um filósofo, sente curiosidade pelo homem em si, pela sociedade a qual criamos e a qual esvaecemos com ela. Mas não temos respostas concretas, e você começa a ficar louco, quer saber por quê está aqui, qual sua missão, o que mais ainda vai acontecer. O desejo e a ânsia por explicações predominam sobre a força da sua existência, é perturbador. Talvez seja apenas uma fase como muitos dizem, e espero muito que seja. O que vem depois dela? Bem, ainda não sei, e confesso que tenho medo de que seja mais agonizante.
Não desista de um novo amor porque um antigo te fez sofrer. Não desista de bater na porta felicidade porque da primeira vez ela não te ouviu bater. Não pare de correr atrás dos seus sonhos porque um dia tropeçou no meio do caminho. Não desista do seu jardim porque alguma flor não brotou… A terra vive em constante movimento, então trate de seguir o exemplo. Corra, persiga, insista… Só não pare!
Mergulho cada vez mais fundo nesse mar de ilusões. Tenho avistado cardumes de velhas lembranças que não são característicos desse lugar, tubarões com passados afiados e várias outras espécies a me afugentar.
Águas desconhecidas, habitantes apavorantes.
O medo de não encontrar uma ilha e sobreviver me vem à cabeça. Quem poderia salvar alguém que se encontra em alto mar?
Talvez a única saída seja me deixar devorar, adentrar cada vez mais fundo. Se deixar cair pra poder subir. Tocar o fundo do oceano com as mãos pálidas e gélidas e finalmente ser puxada para cima, para um céu só meu.

A visão do amor aos olhos de quem não sabe amar.

Peço que não estranhe a minha falta de conhecimento sobre o assunto. Aliás, quem sou eu, ou quem somos nós para compreendermos os assuntos do coração?
Então, entenda os meus receios, minhas dúvidas… Desconheço o amor, mas ouço boatos que ele causa buraco e escuridão no coração das pessoas. Mas é claro que também ouço sobre beijos apaixonados, coito amoroso, Romeu e Julieta e que o amor é capaz de superar qualquer coisa. 
Imagino que amar uma pessoa seja como dar um tiro em meio a escuridão, nunca se sabe se vai acertar um cervo robusto ou um condenado pela fome, a pessoa má ou a pessoa boa, a infelicidade de um amor doentio e não correspondido ou um “foram felizes para sempre”.
Já imaginou você em uma caça frenética e de repente: “pá!”, você acertou alguém, pois sim, você é o seu próprio cupido. De repente você sente uma necessidade instantânea de estar ao lado daquela pessoa e se vai adentrando escuro adentro…
Após um convívio às escuras e uma base só tentando manter o relacionamento em equilíbrio você começa a ver uma pequena luz, e tudo vai ficando claro tal como o dia. Na medida em que tudo na sua mente vai ficando explícito, seu coração começa a ficar negro e esburacado. Daí vem o medo de errar outro tiro.
Mediante uma série de tiros errados e experiências adquiridas através do erro, você para de atirar, espera que alguém certeiro o suficiente te acerte. Mas agora você está no controle da situação, pode escolher se deixar levar ou não.
É assim que você dar o primeiro passo para o “felizes para sempre”, nada de tiros no escuro e errôneos, nada da pessoa errada também. Tudo é relativo, depende das nossas ações. Errou? Tenta de novo. Errou novamente? Continua tentando. 

O amor não nos permite ser compreendido, que fechem suas inúmeras lacunas… Ele quer apenas existir dentro de nós, que o sintamos, que saibamos fazer bom uso do mesmo. Então não se frustre se o seu primeiro tiro acertou o alvo errado, continue tentando com mais sagacidade e dinamismo, quando menos esperar sua flecha estará no alvo desejado.
 
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